Milton Barbosa
Soweto Organização Negra
Reginaldo Bispo e Margarida Barbosa
Januário Garcia
Chico Piauí e Jacira Silva
Geledés Instituto da Mulher Negra
King Nino Brown
Estevão Maya Maya e José Correia Leite
Alexandre de Maio
Quilombhoje
Helenira Resende e Adalberto de Assis Nazareth
Azoilda Trindade
Matilde Ribeiro
CEERT
Miriam Ferrara
Flávio Carrança
A Coleção Milton Barbosa reúne documentos acumulados pelo titular durante sua trajetória de militância a partir do final dos anos 1960. Milton foi fundador do Movimento Negro Unificado (MNU), organização na qual hoje é Coordenador Nacional de Honra, é membro fundador do Partido dos Trabalhadores e figura central na trajetória contemporânea do Movimento Negro e da esquerda.
Uma parte do acervo se relaciona com o contexto de criação do MNU, em 1978, incluindo a documentação referente ao 1º. Congresso Nacional do MNU. A maior parte dos documentos preservados foram produzidos no intervalo de 1993 a 2010. Paralelamente à documentação do MNU, Milton Barbosa acumulou documentos de diferente organizações do Movimento Negro.
Acesse neste link o inventário da Coleção Milton Barbosa, que já está disponível para consulta no Arquivo Edgard Leuenroth.
Reginaldo Bispo é militante do Movimento Negro, membro da Organização pela Libertação do Povo Negro (OLPN) e participante da Campanha Nacional pela Reparação Histórica e Humanitária.
Construiu sua trajetória em Campinas – SP a partir da atuação em grupos de teatro, partidos e sindicatos. Foi membro do MNU de 1980 até 2010, tendo ocupado posições executivas na organização, e funcionário da Unicamp, onde participou ativamente do Sindicato do Trabalhadores (STU) até ser desligado da universidade durante a ditadura militar.
Margarida Barbosa é funcionária do setor de saúde da Unicamp (Enfermagem), atuante no STU e já ocupou cargos executivos e de direção em várias gestões do sindicato. Assim como Reginaldo, teve uma trajetória importante no MNU-SP a partir da base em Campinas. O acervo foi incorporado ao Arquivo Edgard Leuenroth (AEL) da UNICAMP como parte do Projeto Afro Memória em março de 2020.
A Soweto foi criada em São Paulo em 1991 e seu acervo, que chegou ao AEL ao longo do primeiro semestre de 2022, abrange mais de três décadas de lutas contra o racismo e as desigualdades.
Entre o material doado, destacam-se cartazes, boletins e panfletos, além de documentação textual produzida ou acumulada pela organização nos campos da educação, saúde, segurança alimentar e condições de vida da mulher negra. Parte do acervo remonta às atividades do Grupo Negro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (GNPUC), criado em 1979.
Vários integrantes da Soweto são egressos do importante coletivo universitário, que foi ativo até fim da década de 1980.
O Geledés é uma organização não governamental fundada em São Paulo em 1988 com a missão de combater o racismo, promovendo a valorização das mulheres negras. O seu acervo abrange o conjunto documental acumulado durante 33 anos, registrando as trajetórias e as lutas de mulheres negras, destacando-se temáticas como saúde da mulher negra e direitos reprodutivos;
machismo e violência doméstica; direitos humanos; educação; as articulações políticas nacionais e internacionais; lutas por direitos da população negra. O fundo abrange produções textuais, boletins, correspondência, documentação de eventos, faixas, banners e centenas de cartazes. Por meio dos registros é possível compreender, por exemplo, as articulações para a Conferência de Durban, ocorrida na África do Sul em setembro de 2001, que teve grande impacto na formulação de políticas públicas de combate ao racismo no Brasil.
O material foi reunido por Nino Brown ao longo de sua atuação pioneira no movimento Hip Hop, incluindo a Casa do Hip Hop de Diadema, e captado pelo AEL a partir da mediação das pesquisadoras da linha de pesquisa Hip Hop em Trânsito do Centro de Estudos das Migrações (CEMI) do IFCH, Jaqueline Lima Santos e Daniela dos Santos Vieira, em novembro de 2021.
A coleção é composta por correspondências, boletins, fanzines, material iconográfico (cartazes), revistas e por um precioso núcleo bibliográfico sobre movimento Hip Hop, sobretudo, movimentos pelos direitos civis e cultura negra em geral. Este último abrange 514 títulos que foram reunidos a partir da curadoria de uma liderança histórica do movimento no país.
Alexandre de Maio é repórter e ilustrador, considerado um dos principais expoentes do jornalismo em quadrinhos no Brasil. O acervo é formado pela coleção completa das revistas Rap Brasil, Rap Rima, Planeta Hip Hop, Graffiti, Rap News, e outras edições especiais, além de um conjunto de cerca de 5 mil fotos dessas edições, impressas e em DVDs e CDs e outros materiais publicados e inéditos.
Estevão Maya Maya (1943-2021) foi maestro, cantor, compositor, escritor e professor, nascido no Maranhão e radicado em São Paulo. Foi atuante na música, teatro e literatura durante mais de 50 anos e na década de 1980 integrou o Cantafro, coral de homens negros. Os documentos do acervo foram produzidos a partir das relação entre os titulares e organizações do movimento negro em São Paulo, Maranhão, Rio de Janeiro e outros lugares nacionais e internacionais, abrangendo dos anos 1960 até 2021.
José Correia Leite foi uma das principais lideranças do movimento negro paulista do século XX. Escritor, jornalista e militante, Correia Leite foi co-fundador da Frente Negra Brasileira e um dos principais jornalistas da imprensa negra, tendo fundado o periódico O Clarim da Alvorada e dirigido o Jornal Niger.
O acervo é composto pelo conjunto documental guardado por Estevão Maya Maya e é composto por documentos produzidos entre as décadas de 1920 e 1980 no âmbito de suas atividades enquanto jornalista, militante da Frente Negra Brasileira, suas relações com o Projeto Unesco de investigação das relações raciais brasileiras e com diferentes organizações do movimento negro.
O acervo é constituído por dois núcleos principais acumulados pelos titulares ao longo de suas trajetórias: Movimento Negro Unificado-DF, onde Chico Piauí e Jacira Silva militaram por muitos anos, e Instituto Praia Verde, entidade dedicada à promoção da cultura negra por meio de projetos nas áreas da capoeira, samba e religiões de matriz africana. Destaca-se ainda a rica coleção de cartazes do movimento negro acumulados pelos doadores.
O Quilombhoje é um coletivo de escritoras e escritores negros responsável pela edição dos Cadernos Negros, publicação anual lançada em 1978 que publica anualmente uma antologia de contos ou poemas. O acervo é composto por conjuntos documentais de correspondência ativa e passiva, cartazes, banners, textos literários originais, atas de reuniões, documentação administrativa da organização, fotografias, panfletos de lançamentos, entre outros, e revela diferentes articulações nacionais e internacionais e os diálogos travados com outras organizações do movimento negro.
Azoilda Loretto da Trindade (1957-2015), foi intelectual e educadora, e dedicou-se às teorias e práticas no campo da educação antirracista. Articuladora importante da Lei Federal 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história afro-brasileira nas escolas. Entre os documentos, destacam-se as produções e o importante projeto que idealizou: “A Cor da Cultura”. Nele, produziu materiais audiovisuais, ações culturais e educativas, visando práticas positivas, de reconhecimento e preservação das culturas afro-brasileiras. O acervo é composto por livros, periódicos, documentos textuais, CDs, DVDs, quadros, medalhas e materiais têxteis. A captação do acervo contou com o apoio da Action Aid.
O CEERT foi fundado em 1992 e desde então tem cumprido um papel fundamental no combate a discriminação e desigualdades raciais por meio da defesa de direitos para a população negra brasileira, promoção de eventos, elaboração de estudos e pesquisas, organização de publicações e implementação de ações. O acervo é composto por fotografias de eventos e atividades que foram organizadas pelo CEERT ou nas quais a organização teve alguma participação, publicações organizadas ou vinculadas ao CEERT, vídeos de eventos e atividades da organização e cartazes de eventos e campanhas.
Januária Garcia (1943-2021) foi formado em Comunicação Visual pela International Cameraman School, ao longo de sua vida atuou como presidente do IPCN – Instituto de Pesquisas das Culturas Negras e foi membro do Conselho Memorial Zumbi. É autor de obras fotográficas fundamentais publicadas em livro, como Diásporas Africanas na América do Sul, 25 anos do Movimento Negro (1980-2005); Histórias dos Quilombos do Estado do Rio de Janeiro; além de um volumoso acervo original de fotografias sobre a experiência afro-brasileira. Januário registrou e narrou a história visual da diáspora negra, documentando manifestações culturais, políticas e momentos cruciais das luta antirracista.
O acervo Matilde Ribeiro documenta três décadas de atuação política militante e institucional da Professora Dra. e Assistente Social Matilde Ribeiro. Temas como políticas públicas de igualdade racial e gênero, movimento de mulheres negras e atuação partidárias estão entre os mais presentes no acervo. Também teremos lá a produção intelectual da doadora, artigos científicos e de opinião, relatórios e seus poemas.
Helenira Resende de Souza Nazareth nasceu em 1944, em Cerqueira César/SP. Foi estudante de Letras na USP, liderança do movimento estudantil, ex-vice-presidente da UNE, militante do PCB e integrante da Guerrilha do Araguaia a partir de 1969. Sua trajetória é reconhecida pela luta contra a ditadura militar no Brasil, que a levou a ser presa 3 vezes entre 1967 e 1968, quando passou pelo Presídio Tiradentes, DEOPS e Presídio de Mulheres do Carandiru. Viveu na clandestinidade e é considerada desaparecida política desde 1972. Aos 28 anos de idade, foi assassinada na região do Araguaia, fato conhecido pela família somente em 1978.
O acervo de Adalberto de Assis Nazareth, (1902-1965), pai de Helenira Resende, médico negro formado pela UFBA em 1928, ligado ao Partido Comunista, à maçonaria e político em Cerqueira César conta com documentos de registros da sua trajetória.
Miriam Nicolau Ferrara é autora do livro “A Imprensa Negra Paulista (1915-1963)”, publicado em 1986, a partir de sua dissertação defendida em 1981. Ela entrevistou intelectuais negros e negras dos anos 1920 a 1960, bem como a geração da década de 1970 , tendo acesso a suas coleções de jornais e outros documentos. Junto com Clóvis Moura, que fez parte de sua banca, conduziu a microfilmagem de jornais da imprensa negra paulista e também a publicação de exemplares fac similares pela Imprensa Oficial do Estado de SP, disponibilizados em arquivos e bibliotecas públicas do país e na internet. Trata-se de um acervo muito importante preservado pela professora Ferrara.
Ativista e militante do movimento negro brasileiro, desde o final dos anos 1970, Flávio Carrança preservou publicações, documentos de militância e outros matérias, pessoais e institucionais, especialmente de organizações negras como o MNU ou de veículos de imprensa negra nos quais trabalhou, acompanhou ou ajudou a fundar, que vão dá Revista do MNU, Pode Crê (Geledés), revista Raça, Cojira (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial), entre muitos outros, até os nossos dias